terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Prós e Contras: As Consequências da Decisão

O programa de hoje de Fátima Campos (14 de Janeiro de 2007) foi dedicado à decisão do governo de construir o novo aeroporto de Lisboa em Alcochete, conforme as indicações do estudo realizado pelo Laboratório Nacional de Engenheira Civil (LNEC). A equipa integrou conhecidos elementos que anteriormente defenderam convictamente a opção OTA, mas que mudaram de opinião devido ao facto de um "piloto" ter chamado a atenção para os problemas de "navegabilidade aérea", como se todos os aeroportos fossem construídos de modo a facilitar a vida dos pilotos!
Conforme disse um autarca, em Portugal, todas as decisões políticas são objecto de suspeita antes, durante e depois, e, de facto, após ter assistido aos três programas dedicados a este tema, como português não acredito nem me orgulho desta decisão, que, como tantas outras, como observou acertadamente Henrique Neto, foi fortemente motivada por três tipos de interesses especulativos e económicos: os da Luso-Ponte, os dos especuladores e os dos empresários da hotelaria do Sul.
Ora, quando o governo toma uma decisão desse tipo sem ter estudado o interesse nacional de Portugal, acossado pelo Presidente da República, subordinando a decisão política aos estudos técnicos financiados por associações económicas, comerciais e industriais, mostra incapacidade para combater a corrupção. Aliás, a própria decisão está viciada logo à partida, até porque a mudança de opinião de alguns técnicos mostra a sua fraca competência profissional. Mas, como sabemos, o que eles queriam, os nossos ilustres técnicos, era ficar do lado do capital e dos poderes dominantes. E alguns já sonham com uma cidade aeroportuária, qual Brasília, de modo a empobrecer cada vez mais o país, em particular o Norte e o Centro, engordado as bolsas dos "terratenentes", segundo expressão de Henrique de Barros. Como ninguém o desmentiu com argumentos racionais conclusivos, podemos estar certos de que esta nova estrutura não será construída para desenvolver o país, mas para empobrecê-lo.
Portugal é um país pequeno que não precisa de estruturas megalómanas, de resto pouco rentáveis, porque todos os investimentos realizados nesse sentido até agora, em oito séculos de História, mostraram que a economia nacional não cria emprego nem traz qualidade de vida ou riqueza. Os empresários nacionais vivem à custa do Estado e, nesta simbiose corrupta, são eles que enriquecem, e não os portugueses, considerados como "raia-miúda".
Um historiador russo chamou aos portugueses "trapaceiros" quando analisou aspectos da nossa história medieval e, de facto, ele tinha razão: a história de Portugal é uma história de trapaceiros e de ladrões e muitos deles não se inibem de recorrer ao negócio da droga para enriquecer ainda mais, quando o governo resolve curiosamente proibir os fumadores de fumar em espaços públicos, talvez não esperança de que troquem o tabaco pela verdadeiras drogas pesadas. (Esta ironia justifica-se, até porque o Estado começa a invadir a esfera privada.)
Estes trapaceiros que se autointitulam elites são os coveiros do desenvolvimento de Portugal e infelizmente o povo português é tão submisso e medroso que se submete voluntariamente à "pobreza envergonhada" e à "escravatura voluntária". Permitem que estas pseudo-elites os tratem como gado! O eixo Norte-Sul capaz de arrancar o país da miséria foi abandonado como estratégia de desenvolvimento nacional integrado e racional, para satisfazer os interesses privados de especuladores e de empresários que, em vez de criarem riqueza e emprego, criam pobreza, não a sua, mas a da maioria dos portugueses. Os seus estudos carecem de isenção e de credibilidade, até porque são limitados a Lisboa, sem levar em conta os interesses de outras regiões.
Objectiva e subjectivamente, Portugal não tem futuro, a menos que Deus resolva fazer um milagre e livrar-nos destas elites corruptas e malvadas! Se os portugueses não mudarem de atitude e de comportamento, podem estar certos que nunca terão verdadeiramente orgulho de Portugal e de serem portugueses. Portugal é o oásis da mediocridade, da corrupção e da malvadez satânica!
J Francisco Saraiva de Sousa

5 comentários:

Manuel Rocha disse...

Haverá tudo o que diz...mas todos os problemas que bem refere, têm uma causa única, que é a ausência de Projecto Social e de noção de longo prazo. A economia navega "à vista", não se atreve a fazer-se ao largo...e o resto decorre daí...:)

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Concordo: aquilo a que chamo "ausência de projecto". Um problema nacional, com oito séculos de existência. Mas os "culpados" são exibidos no programa de Fátima Campos: uma janela para os luso-corruptos... Gostei da intervenção de Henrique Neto! :))

Manuel Rocha disse...

Ele costuma deixar umas coisas interessantes no blog Ambio ...mas eu não vi o programa ( dejá vu....) é que,sabe, nesta casa não entra a "caixinha que mudou o mundo"....embirrações !!...))

Manuel Rocha disse...

Esse problema de "oito séculos" eu chamo-lhe muita ambição para pouca terra. E como gatunos globais nem sequer somos fomos grande coisa...))

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Adorei a sua expressão: "gatunos globais". De facto, nem nisso fomos bem sucedidos. A Inglaterra, sim, soube explorar as colónias! Os nossos gatunos são caseiros, parolos e exibicionistas, e outras coisas mais... :)))