quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Walter Benjamin e os seus Anjos

«Existe um quadro de Klee que se intitula Angelus Novus. Representa um anjo que parece preparar-se para se afastar do local em que se mantém imóvel. Os seus olhos estão escancarados, a boca está aberta, as asas desfraldadas. Tal é o aspecto que necessariamente deve ter o anjo da história. O seu rosto está voltado para o passado. Ali onde para nós parece haver uma cadeia de acontecimentos, ele vê apenas uma única e só catástrofe, que não pára de amontoar ruínas sobre ruínas e as lança a seus pés. Ele quereria ficar, despertar os mortos e reunir os vencidos. Mas do Paraíso sopra uma tempestade que se apodera das suas asas, e é tão forte que o anjo não é capaz de voltar a fechá-las. Esta tempestade impele-o incessantemente para o futuro ao qual volta as costas, enquanto diante dele e até ao céu se acumulam ruínas. Esta tempestade é aquilo a que nós chamamos o progresso». (Walter Benjamin, Teses sobre a Filosofia da História, 9)
Na tradição cristã, nomeadamente na dos Grandes Doutores da Igreja (Alberto Magno, Santo Agostinho, Tomás de Aquino, S. Boaventura, Duns Scoto), os anjos foram criados por Deus ao mesmo tempo que o mundo material como seres dotados de memória, inteligência e livre arbítrio. São criaturas imortais e incorpóreas, embora Tertuliano, Orígenes e Clemente de Alexandria lhes atribuissem um corpo muito subtil e invisível aos seres humanos. Quanto à sua natureza, os anjos estavam muito próximos do ser divino, embora sejam, ao contrário de Deus, entidades compósitas. Parece que nunca dormem e nunca estão cansados, porque são semper mobiles et infatigabiliter operantes. Estes seres puramente espirituais habitam o céu, o caelum empyreum, assistem a Deus no céu e são mensageiros que Deus envia para executar as suas ordens, operando como agentes intermediários entre Deus e os homens. Os anjos puros diferem uns dos outros não só como indivíduos mas também como espécie, formando uma hierarquia angélica (Serafins, Querubins, Tronos, Dominações, Principados, Potestades, Virtudes, Arcanjos e Anjos). Os anjos mais citados nas Escrituras Sagradas são: S. Miguel, S. Rafael e S. Gabriel que anunciou a Maria a Encarnação do Verbo. Porém, nem todos os anjos são puros: os anjos das trevas ou anjos caídos revoltaram-se contra Deus pouco tempo depois da criação e foram precipitados no abismo, habitando o aer caliginosus. A Queda foi iniciada por Lúcifer, um anjo da ordem mais elevada (serafim), e resultou do seu desejo de não obedecer a Deus e de se colocar acima de todas as criaturas. Devido à sua sublimidade de essência, o facto de terem sido criados muito perto do trono divino, os anjos caídos já não podem ser salvos. S. Boaventura, o autor da exposição que seguimos, apresenta uma definição mais elaborada dos anjos: os anjos são "vestígios de Deus", ou seja, criaturas em cuja figura Deus aparece aos homens.
Os Anjos que habitam o pensamento de Walter Benjamin não são os arcanjos mensageiros que transmitem a vontade de Deus ou mesmo os querubins em chamas que guardam o domínio de Yahvé, portanto, anjos gloriosos e imponentes, mas "anjos menores" que vivem apenas no instante do seu hino para seguidamente se desvanecerem na noite. Benjamin conhecia estes anjos fulgurantes e efémeros graças às pesquisas de Gershom G. Scholem sobre a mística judaica. A angelologia benjaminiana é extremamente complexa e está longe de ter sido bem compreendida (Scholem, Jürgen Ebach, Peter von Haselberg, Anna Stüssi, Stéphane Mosés, Gagnebin): o Angelus Novus, o "Angesilaus Santander" (Angelus Santanas?), o Anjo da Morte, o Anjo do Natal e o Anjo da História constituem as manifestações mais evidentes do Angelus Novus de Klee. A ordem apresentada explica-se por razões cronológicas, mas sobretudo por razões teóricas. Em última análise, e esta é a nossa hipótese de trabalho, todos os anjos de Benjamin são manifestações de um único anjo: o Anjo da História, representado no quadro Angelus Novus de Klee, cuja gravura Benjamin comprou em 1921 em Munique. Esta gravura foi a sua mais preciosa aquisição, talvez por nela estar representado fielmente o seu anjo primordial, cujas re-aparições nos seus textos constituem uma elaboração contínua da sua angelologia que culmina com as Teses sobre a Filosofia da História, onde a figura do Anjo da História está positivamente consumada. Em linguagem vulgar, poderíamos dizer que Benjamin leu o quadro de Klee com o recurso aos anjos talmúdicos até que alcançou a inteligibilidade do seu único Anjo da História na sua filosofia messiânica da História.
1. Angelus Novus. Em 1921, Benjamin escreveu um ensaio para anunciar a publicação da revista intitulada "Angelus Novus", onde recorda que, segundo uma lenda talmúdica, os anjos são criados para desaparecer na noite do nada, após terem cantado o seu hino diante do trono de Deus. Benjamin lança aqui o seu conceito fundamental de actualidade (Aktualität) ou "relevância contemporânea" e, em função deste conceito, o seu anjo pode ser visto como vestígio, sopro ou brisa de um outro tempo: a rotura introduzida na cronologia linear da História, a saga catastrófica das classes dominantes e da inércia metodológica dos seus historiadores, de modo a possibilitar a narração de uma outra História, a História dos vencidos, que foi recalcada, perdida ou mesmo esquecida. A "verdadeira actualidade" é fulgurante, evanescente e destruidora: os anjos não só se aniquilam a si mesmos, desaparecendo na noite do nada, como também e fundamentalmente procuram destruir um tempo homogéneo e contínuo que teima em perpetuar-se sempre igual a si mesmo. Sem esta destruição não é possível haver verdadeira actualidade e, por conseguinte, verdadeira redenção.
No seu estudo sobre Karl Kraus, Benjamin (1931) refere a sua revista, Die Fackel, como uma "obra efémera" que "começou a durar" graças ao seu empreendimento crítico que une a destruição e a salvação: aqui o anjo aparece como o "mensageiro do humanismo real" que luta contra o "ideal clássico da humanidade". Porém, os seus traços são os de um "Unmensch" (inumano), isto é, de uma "criatura nascida de uma criança e de um devorador de homens". O anjo talmúdico transfigura-se num anjo aniquilador e purificador: a sua missão já não é proteger o homem, mas salvar "o que ainda resta da humanidade real dos homens".
2. Angesilaus Santander. Em 1972, Scholem publicou "Angesilaus Santander", um manuscrito autobiográfico de Benjamin (1931), acompanhado pelo seu comentário "Walter Benjamin und sein Engel", no qual decifra nesses fragmentos não-publicados por Benjamin o anagrama de Angelus Santanas, como se Benjamin fosse um místico judeu avesso ao marxismo. Nestes textos obscuros, o Angelus Novus de Klee re-aparece como um anjo talmúdico, descrito com as suas "garras afiadas" e o "bater cortante" das suas asas. Este anjo poderia revelar o "nome secreto" ao homem, isto é, o nome oculto e verdadeiro, mas, em vez disso, recusa a descoberta da "essência invisível" revelada pelo nome ao seu "protegido". O "bom anjo" original, aquele que guarda o seu protegido, transfigura-se num anjo próximo e, ao mesmo tempo, imprevisível e ameaçador, porque, como diz Benjamin, este anjo se assemelha àquilo que foi separado de si: os homens e os objectos alienados. Tal como o anjo defrontado por Jacob, este anjo benjaminiano não revela o seu nome, não abençoa e, em vez do reencontro, anuncia o vazio, a separação e a ausência (J. Ebach). É um anjo deformado ou mesmo mutilado, incapaz de voar, ajudar, assistir e transmitir a mensagem divina. Porém, estes seres deformados são os únicos anjos que nos restam: anjos mutilados e destituídos dos seus poderes sagrados.
3. Anjo da Morte. O Anjo da Morte aparece em "Infância em Berlim: 1900", no fragmento intitulado "Desgraças e Crimes". Neste fragmento autobiográfico e colectivo, Benjamin descreve os passeios citadinos da criança que procura espreitar a desgraça: um acidente, uma morte, um roubo, um incêndio ou um afogamento. A cidade parece acolher em todos os seus lugares a infelicidade que se furta ao olhar da criança: nas ambulâncias "deslizava pelas ruas a desgraça, cujo rasto eu não conseguia apanhar". As desgraças da cidade afastam-se da criança que procura em vão os seus vestígios: "Os judeus, quando ouviam falar do anjo da morte que apontava com o dedo para a casa dos egípcios cujo filho primogénito devia morrer, devem ter imaginado essas casas com o horror com que eu via estas janelas de portadas fechadas. Mas será que ele cumpria realmente a sua missão, o anjo da morte? Ou abrir-se-iam um dia as portadas e o doente grave, convalescente, viria sentar-se à janela? Não se deveria ter-lhes dado uma ajuda, à morte, ao fogo, ou apenas ao granizo que tamborilava nas minhas vidraças sem nunca as partir?"
O perigo que ameaça a criança não é a manifestação da desgraça, mas a ausência de garantia do cumprimento das coisas: o cumprimento da promessa. O anjo parece ser impotente para levar a cabo as suas tarefas e, desta impotência angelical, nasce uma nova exigência política: os homens devem ajudar os anjos a concluir a sua obra necessária e purificadora, rompendo a continuidade da infelicidade quotidiana limitada, contida e escondida, enfim sequestrada, pelos vidros, pelas persianas e pelas grades da arquitectura urbana, e instaurando o perigoso transtorno da felicidade, a vida plena. No seu ensaio sobre Marcel Proust, Benjamin capta a dupla vontade da felicidade como a dialéctica da felicidade: uma "figura hímnica da felicidade", a do "inaudito, daquilo que nunca existiu, a cúspide da felicidade", e uma "figura elegíaca ou eleática da felicidade", a do "eterno renovado, a eterna restauração da felicidade primeira, original". Para Proust, a felicidade elegíaca é a que transforma a existência infernal num bosque encantado. A felicidade como hino e elegia é tensão de um tempo feliz, simultaneamente sempre novo (hino) e sempre retomado (elegia): o tempo da actualidade, o único capaz de revelar o elemento verdadeiro e libertador contido na noção de progresso, exorcizando o seu feitiço.
4. Anjo do Natal. A voz de uma presença estranha aparece, na mesma obra "Infância em Berlim", num fragmento anterior intitulado "Um Anjo do Natal", onde Benjamin elabora a antítese entre a abundância dos ricos e a miséria dos pobres. Esta antítese é exacerbada precisamente durante a quadra natalícia, desdobrando-se na oposição sobrecarregada entre o calor das velas e das árvores de Natal e a escuridão fria dos pátios interiores, onde os pobres não falam da solidão, da velhice e da terrível miséria e aguardam pela esmola. No limiar entre estes dois mundos, na janela do seu quarto sem o candeeiro aceso, a criança mimada espera pela "hora dos presentes" que os seus pais estavam a preparar. O seu olhar é atraído para as janelas das casas pobres que davam para o pátio e, por detrás das quais, a pobreza envergonhava-se na escuridão ou estagnava na luz de gás dos fins de tarde. A escuridão destas janelas pobres faz ressaltar o brilho colorido da árvore de Natal que, na sala, espera pela criança mimada.
De repente, quando se afastava da janela, com "aquele peso na consciência", a criança sentiu "uma estranha presença no quarto": "Era apenas uma aragem, e as palavras que afloravam aos meus lábios eram como as dobras que se formam subitamente na vela frouxa de um navio quando sopra uma brisa fresca: «O Menino Jesus/ vem todos os anos/ à terra onde estamos/ nós, os seres humanos». Com estas palavras, o anjo que nelas começara a ganhar forma desaparecia". Neste instante, a criança com a "consciência" dilacerada ou cindida pela presença do anjo pressente outra felicidade possível, distinta da felicidade garantida e assegurada pela posição social e pela previsibilidade da ternura e do afecto dos pais. A presença de uma alteridade radical que cria uma cisão momentânea da consciência é uma espécie de brisa passageira e fresca que atormenta levemente a segurança da riqueza e dos presentes, deixando antever, durante um brevíssimo e fulgurante instante, que a infelicidade dos pobres não é uma necessidade e que a felicidade dos ricos não é uma segurança. Os homens podem vencer a inércia do curso da História, favorável às classes dominantes, interrompendo o seu contínuo e abrindo assim um novo caminho, capaz de reconhecer as esperanças fracassadas do passado e de retomá-las, de modo a garantir a restituição integral da História.
5. Anjo da História. A nona Tese sobre a Filosofia da História de Benjamin que aparece em epígrafe mostra claramente que os anjos não ficaram a salvo do processo de desencantamento do mundo (Weber), porque são criaturas fracas e impotentes, portanto, destituídas dos poderes imponentes atribuídos outrora aos anjos mensageiros da vontade de Deus. Os anjos de Benjamin já não possuem o esplendor e a majestade do sagrado; pelo contrário, tal como os anjos potenciais de Kafka, participam das inseguranças, das dúvidas e dos desamparos do mundo profano. De certo modo, são "figuras profanas" que só podem possibilitar algum tipo de relação "débil" (Vattimo) com o sagrado enquanto são criaturas impotentes e frágeis como nós os humanos: os anjos são os únicos vestígios da "Teologia que, como se sabe hoje, é pequena e feia e, além disso, não ousa mostrar-se" (Tese 1). Se assim for, a angelologia dos anjos efémeros é o que resta da teologia numa época secular que se entrega completamente à "crença no progresso", como se o progresso pudesse por si só conduzir à emancipação da humanidade. Os anjos efémeros podem, neste caso, ser vistos como os únicos vestígios de Deus, que, dado serem impotentes para resistir à tempestade que sopra do Paraíso, se deixam arrastar na corrente da história, embora voltados para o passado, incapazes de "interromper o curso" do tempo. Porém, apesar da sua impotência, os anjos desejam a felicidade dos homens e aparecem para logo desaparecer depois de despertar nos homens o desejo de cumprirem, eles próprios, a missão que os anjos já não podem cumprir: a missão da destruição do ciclo infernal do tempo homogéneo e vazio, o do eterno retorno do mesmo e do sempre igual da mercadoria, e da redenção. Contra o antimarxismo de Scholem, cuja bela epígrafe se evapora na Tese IX ("A minha asa está pronta para o voo,/ gostaria de voltar atrás,/ porque ficaria mais tempo vivo/ se tivesse menos felicidade."), Benjamin anuncia a sua fidelidade à dialéctica: "A utilização de elementos do sonho no despertar é o exemplo de manual do pensamento dialéctico. Consequentemente, o pensamento dialéctico é o órgão do despertar histórico".
O Anjo da História concentra em si todas as determinações reveladas nas aparições angélicas anteriores, afinal redutíveis à impotência angelical: O Angelus Novus de Klee aparece imobilizado e arrastado para a frente pela tempestade que sopra do Paraíso, a tempestade do progresso, e que o impossibilita de permanecer, "despertar os mortos e reunir os vencidos". O Anjo da História é incapaz de "interromper o curso do mundo" (Baudelaire) e de empreender a obra salvadora da memória. Neste presente pervertido pelo progresso, ou melhor, pela "crença no progresso", o anjo já não consegue levar a cabo a sua missão salvadora, embora deseje a felicidade do homem. Aquilo que o anjo não pode realizar pode ser realizado pelos próprios homens, ou melhor, pela luta da classe oprimida, "o sujeito do saber histórico", que, "em nome das gerações vencidas, leva até ao fim a obra de libertação". O papel da classe operária não é libertar as "gerações a vir", mas alimentar o ódio e a vontade de sacrifício mais com a "imagem dos antepassados submetidos" do que com o "ideal dos filhos libertados". Para a classe dos vencidos, o passado não é uma evolução progressiva, mas uma sucessão de derrotas, nas quais a revolução redentora encontra a sua fonte de inspiração capaz de a levar a interromper o curso do tempo linear e de o preencher com o tempo actual ou o agora, de modo a torná-lo tempo messiânico: o tempo que faz explodir a continuidade da História dos vencedores e que força a chegada do "reino". Em vez de esperar, a classe dos vencidos deve agarrar a oportunidade revolucionária oferecida por cada instante histórico. "Marcar época" (Focillon) é precipitar o momento revolucionário e, assim, abrir o caminho para a novidade utópica irredutível à acumulação mecânica, repetitiva e quantitativa. No fragmento "Parque Central", Benjamin escreve: "O conceito do progresso tem de assentar na ideia de catástrofe. Que as coisas «continuem como estão», é isso a catástrofe (que o Anjo da História vê). Ela não é aquilo que a cada momento temos à nossa frente, mas aquilo que já foi (o passado). O pensamento de Strindberg: o inferno não é nada que tenhamos à nossa frente, é esta vida aqui em baixo". O Anjo da História deseja a nossa felicidade, mas, embora pareça querer ajudar-nos na missão da redenção da memória, nada pode fazer para cumprir a redenção: "A salvação agarra-se à pequena fissura na catástrofe contínua". Cada um de nós pode interromper o curso do mundo, desejado por Baudelaire, talvez a última figura literária do anjo, mas a grande revolução está nas mãos da luta feroz e violenta dos vencidos e, em última análise, do Messias que nunca foi "nomeado" por Benjamin. Os anjos talmúdicos evaporam-se na noite como meros despertares ou talvez meras imagens dialécticas: o único que se de-mora neste inferno que é a nossa vida contemporânea é o Angelus Novus de Klee: o quadro que representa a concepção da História de Benjamin.
Contudo, a revolução redentora que visa reinstituir a História não está garantida e, no caso de fracassar, a irrupção do Messias não é uma possibilidade descartável. Há uma tradição obscura da mística judaica que remonta aos tempos talmúdicos e que criou o "santo oculto" (nistar). Segundo esta tradição, em cada geração existem trinta e seis homens justos, santos, mudos e anónimos, cuja "assembleia" constitui e garante os fundamentos do mundo. O seu anonimato garante a santidade da sua missão: os seus actos são executados sem o conhecimento da humanidade e, por isso, estão isentos das ambiguidades inerentes às acções públicas. Talvez um deles seja o Messias que permanece oculto porque a nossa época não está à sua altura. A ira do Messias oculto contra os vencedores da História pode explodir a qualquer instante, numa chuva purificadora de fogo e de sangue.
J Francisco Saraiva de Sousa

11 comentários:

E. A. disse...

Bom dia Francisco,

O meu anjo preferido é a Angelica Carnis de Mark Ryden (imagem do meu perfil). Aparece-me todas as noites e abençoa a minha vida com saúde e alegria. :)))

Venho anunciar o meu novo espaço virtual: mais "clean", mas igualmente niilista. E para o texto de abertura, lembrei-me da análise que Benjamin faz da noção de experiência e da distinção Erfahrung e Erlebnis, mas, seguindo por outra via.

Este ano n vou ter tanto tempo para blogar, mas quis criar outro espaço que espero dar-lhe vida durante algum tempo.

Seja sempre bem-vindo, meu anjo Francisco!

http://levitatis-officina.blogspot.com/

E. A. disse...

p.s.: quem tiver Windows faça o download do Google Chrome!

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Olá Papillon

Ainda não fiz o download do Google Chrome, porque procuro canalizar o tempo para concluir estes posts sobre W Benjamin, enquanto trato de suavizar as dores musculares.

Não consegui ter acesso ao seu novo blogue. Pois, Benjamin critica precisamente a noção vitalista de Erlebnis em nome da Erfahrung. O ensaio sobre Experiência e Pobreza ou os ensaios sobre Baudelaire são claros a esse propósito.

Vou ver se compro hoje as traduções de Barrento que devem ser super-boas. Trabalhar com diversas edições dificulta esta prática cyberfilosófica de escrever abertamente online. :)

E. A. disse...

Está com dores musculares?
Até me oferecia para untá-lo com azeite, qual Circe a Ulisses, mas só tenho boa intenção, não tenho poderes mágicos. :))

N consegue aceder ao blog? Estranho...

O Google Chrome é óptimo! Tb só fiz o download ontem à noite.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Vou comprar as traduções de barrento e aproveito para fazer uma longa caminhada! Mais uma pipa de "massa"! :(

Já volto! :)

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Oi Papillon ou Fraulein Else!

Já cheguei e estou superfeliz com a qualidade das traduções de João Barrento. Seria desejável que fosse ele a supervisionar as traduções portuguesas dos filósofos da Alemanha.

Estou cada vez mais convicto de que Benjamin, no decorrer dos seus estudos sobre Baudelaire, estava a redescobrir Marx profundo, clarificando muitas das suas oscilações. Sem estudo de Marx, as últimas obras de WB não podem ser legíveis: a teoria da superstrutura da infraestrutura capitalista revelada por Marx.

Este post vai de-morar mais um tempo, porque vou seguir a tradução de Barrento. :)

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Bem, amigos, já devem ter reparado que criei tensões internas neste post, cujo relaxamento pode ser feito de diversos modos: quer conservando Benjamin, quer indo para além de Benjamin. Em qualquer um dos modos, a presença estranha pode ser vista como "imagem dialéctica", "iluminação profana", "experiência de choque"..., qualquer um destes conceitos implica uma ruptura com a continuidade. Ou pode ser encarada como mera alegoria?

Boch que usei para explicitar Benjamin revolta-se no túmulo e talvez com alguma razão, mas os anjos como vestígios de Deus é uma ideia revolucionária, porque dispensa intermediários e a sua organização religiosa. Sim, é misticismo! Mas profano porque visa a transformação do mundo. :)

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Bem, amigos, o post está concluído e não pretendo fazer mais alterações: fiquei com dores de cabeça. É melhor parar, porque o pensamento, esse continua a pensar!

Lutem contra o sistema sem esperar pelos outros: cada um de nós é uma revolução! :)

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Amigos

O "Angelus Novus" de Klee é a gravura do meio, colocada entre Münch e Dali, no lado esquerdo deste meu blogue. Um lindo anjo da História! :)

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Bem, este será o mês dedicado a Walter Benjamin. Se tudo decorrer conforme o planeado, termino com a filosofia da História, de resto já presente nos últimos posts.

Contudo, tinha previsto dedicar um post ao tema "Universidade e Empresas" e outro, ao tema "Experiência e Pobreza". No último queria desenvolver um conceito positivo de barbárie, mas para isso teria de exorcizar o holocausto e talvez a erotologia de Benjamin, com a qual não me identifico: na luta entre Eros e Sexus, venceu Sexus e este é um adversário da revolução redentora. O que tenho dito sempre neste blogue! :)

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Ah, os anjos de Rilke são deveras "estranhos" e ainda não consegui captar a sua "essência". Os anjos de Guerra Junqueiro são giros! :)