terça-feira, 22 de setembro de 2009

Max Horkheimer vota em José Sócrates

«Se a teoria materialista constitui um aspecto dos esforços de melhoria das condições humanas, então ela, sem mais nem menos, contraria todas as tentativas de tornar secundários os problemas sociais. Não só o espiritualismo mais recente, que hipostasia monadologicamente o indivíduo e, com isso, desvaloriza a estruturação das bases económicas, mas também todos os esforços de diminuir o peso do conhecimento na ordem terrena, no momento em que o olhar é atraído para uma ordem supostamente mais essencial, é que provocam cada vez mais a crítica materialista. Sobretudo, em cada tipo de filosofia que se propõe justificar a esperança infundada, ou pelo menos encobrir a sua infundabilidade, o materialismo vê uma fraude à humanidade. Apesar de todo o optimismo que ele possa sentir em relação à mudança das condições, apesar de toda a valorização da felicidade que brota do esforço pela mudança e da solidariedade, ele carrega consigo um traço pessimista. A injustiça passada é irremediável. Os sofrimentos das gerações idas descobrem pouca compensação. Todavia, enquanto o pessimismo nas correntes idealistas costuma referir-se, hoje, ao presente e ao futuro na Terra, isto é, à impossibilidade da futura felicidade universal, e costuma manifestar-se na forma de fatalismo ou corrente de declínio, a tristeza inerente ao materialismo relaciona-se com factos do passado. As conjecturas gerais (...), as ideias sobre um optimum já superado da produtividade técnica como tal, as concepções pessimistas de uma decadência da humanidade, de uma "peripécia do seu viver e envelhecer (Max Scheler), tudo isso é alheio ao materialismo. Reflecte a perplexidade de uma forma social inibitiva do poder como impotência da humanidade». (Max Horkheimer)
J Francisco Saraiva de Sousa

8 comentários:

Unknown disse...

O Horkheimer tinha um pessimo alfaiate LOL

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

As obras de Horkheimer anteriores à viragem - Teoria Crítica I e II - são simplesmente fabulosas e, de certo modo, é a elas que devemos regressar, para ler de novo a nossa aventura ocidental.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Ah, aceito sugestões para melhorar esta tradução em termos de português mais giro. :)

Unknown disse...

sim, o horkheimer tinha valor, mas tb uma filosofia mt marcada pelas suas pp contradiçoes pessoais e sociais. Ainda assim, prefiro o adorno. Aquele hermetismo chegava a confundir-se com o pp ocultismo :P

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Bem, não são bem contradições, mas com a ascensão do nazismo e o fracasso do comunismo Horkheimer torna-se mais pessimista: a crítica radicaliza-se, levando a uma aporia que o leva até ao inteiramente outro, o seu momento teológico. O marxismo abre-se e perde o seu sujeito da transformação. Porém, podemos ler o seu pensamento de outra maneira, retomando a sua noção de dialéctica inconclusa - aberta e sujeita ao fracasso - e a crítica do idealismo como crítica do princípio de identidade, o que leva logo a Adorno que clarifica isso na dialéctica negativa.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Sr

Senti o esvoaçar da Borboleta e a sua canção do Goodbye Summertime!

J. Maldonado disse...

O último comentário postado no teu post sobre Bloch deve ser obra do neo-nazi. Porque razão terá logo escolhido Bloch sabendo nós que ele odeia o marxismo e a Escola de Frankfurt?

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Maldonado

O Sopro Leve parece ser um blogue contra José Sócrates e, nesse caso, pode fazer parte do grupo dos antisocratinos, não estou seguro. Mas vão perder e ficar privados da vingança que prometeram caso a MFL vencesse. :)