sexta-feira, 24 de junho de 2011

Ao São Francisco Portuense

A minha amiga Letícia Valle Cavalcante, a Florbela Espanca do Brasil, dedicou-me este poema, com a seguinte nota prévia: «Ô São Francisco, Francisco Sousa! Vão para ti uns versos de privilégio. Decidi-me por fazê-los após tua ideia do S. João. Veio-me inspiração hoje de manhã. Please, não te surpreendas comigo, ri, porque esse é inédito! Só para ti.» E, depois do poema, a Letícia termina com estas palavras dignas de uma poetisa: «Porque tu não precisas que Apolo te venha e diga a célebre frase Tu Vate Eris. Foi o que o Arthur Rimbaud sonhou, e a partir daí tornou-se poeta. Eu não sonhei assim, mas por ser apaixonada por ele, peguei. Bom dia!»

"Ao São Francisco Portuense

São Francisco,
O poeta que canta
E vê o Porto
Com mais maestria.
O som de Portugal tem melodia,
E a nenhum se assemelha.

Ó meu São Francisco,
Diz-me quem nesse país
Tem mais amor
Pela Cidade Invicta!"

Ontem, na véspera da noite de São João, a Letícia tinha dedicado uma quadra ao santo padroeiro da Cidade Invicta:

"João pregou tanto
Que virou santo.
Ó João,
Torna-me São (Francisco)!"

Muito obrigado, Letícia - "Mensageira da primavera, rouxinol de voz de encantar" (Safo)! Continua a fazer poesia, porque herdaste a veia poética de Rimbaud e, dado seres mulher, da divina Safo, cujos versos Te dizem:

"Há um murmúrio de águas frescas, através
dos ramos das macieiras, as rosas ensombram
todo o solo, e das folhas trémulas
escorre o sonho". (Um jardim)

"As estrelas, em volta da formosa Lua,
de novo ocultam a sua vista esplendente,
quando a Lua cheia brilha mais, argêntea,
sobre toda a terra". (A Lua)

Mas, quando escreveu estes outros versos, Safo sonhou-me e selou o meu destino:

"Quando morreres, hás-de jazer sem que haja no futuro
memória de ti nem saudade. É que não tiveste parte
nas rosas de Piéria. Invisível, andarás a esvoaçar
no Hades, entre os mortos impotentes". (A glória literária)

(Photo: Ribeira, OPorto.)

J Francisco Saraiva de Sousa

3 comentários:

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

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J Francisco Saraiva de Sousa disse...

A Letícia libertou-me do vaticinio de Safo:

"E se Safo selou teu destino e vaticinou-te a esta tragédia, desvaticino. Porque vida se constrói e o destino é feito de livre arbítrio. Tu estás é no Olimpo..."

Afinal, Francisco significa "livre"! :)

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Vaticínio*